A busca por entender os óleos essenciais e as plantas de forma holística, não é algo fácil para mim, venho de uma formação tradicional em química, fiz especialização em óleos essenciais na PUC-RS e na sequência mestrado em engenharia e tecnologia de matérias onde testei métodos extrativos para óleos essenciais, como CO2 supercrítico, estudo realizado com o professor Dr. Cassel. Depois de alguns anos me mudei para São Paulo onde fiz doutorado com professor Dr. Paulo Moreno na USP, testando a atividade antimicrobiana na fase vapor e comparando com a fase líquida do óleo essencial de Hesperozygis myrtoides. Por outro lado, esta formação tradicional me permite entender que a energia luminosa que podemos perceber é apenas uma fração, e pequena, de todas as irradiações que chegam ao nosso planeta. Através dela começa a fotossíntese, que, somente em 2008, cientistas australianos conseguiram reproduzir de forma rudimentar.
E também, entender a metodologia usada para comprovar cientificamente a troca de informações e nutrientes entre as plantas. Esta é uma realidade, até pouco tempo não percebida pela maioria de nós. Usando os fungos do solo e substâncias voláteis a planta envia informações para outras plantas. É como se planta mandasse uma mensagem no grupo de WhatsApp alertando sobre perigos ou ainda atraindo polinizadores. Quem sabe o que ela posta no privado?
Porém, não foi fácil entender o artigo publicado em 1991 por Richard Axel e Linda B. Buck que levou ao prêmio Nobel de fisiologia e medicina em 2004. Estes pesquisadores e seus colaboradores desvendaram mais de 1000 diferentes receptores olfativos, transformando da percepção e o status da osmologia, da aromaterapia, reforçando a aromaterapia cientifica. Os óleos essenciais, aromas e ou substancias voláteis não são mais um processo especulativos, empírico, ou ainda estudos de casos, agora, foi demonstrado o mecanismo de ação das substancias voláteis, como o óleo essenciais, quando estes ativam os receptores olfativos, as proteínas transmembranares, codificadas pelo genoma humano, que apresentam uma estrutura de sete hélices. Quando ativados por substâncias voláteis, iniciam uma serie de cascatas de sinalização que atuam em sistemas fisiológicos fundamentais para a vida como, neurotransmissão, metabolismo, defesa imunológica e etc.
Em julho de 2019, participei do curso Holistic Aromatherapy, na comuna francesa de Aurel, com 200 habitantes, na região de Provence famosa pelos campos de lavanda e as muitas empresas de extração de óleos essenciais. Neste local, o Dr. Malte Hozzel e seus colaboradores criaram o centro de estudos e seminários da Oshadhi, uma das empresas de óleos essenciais mais respeitadas do mundo, para difundir o conhecimento da aromaterapia holistica, desde a Ayurveda, de 7 mil anos atrás, até as últimas pesquisas desenvolvidas por universidades de renome. Com o médico Dr. Guilherme Oberlaender e seus filhos Yuri e Yan vimos desde o ponto de a prática clínica até a filosofia da hermética alquimia.
Nesta minha caminhada de buscar entender este tripé: homem, plantas e óleos essenciais, o qual eu chamo de simbiose esquecida, me deparo com varias perguntas com por exemplo: Quando a planta faz um alerta no grupo, dizendo: se protejam, tem um herbívoro me atacando, é porque ela se preocupa com seus iguais. Posso deduzir que a planta tem consciência dos seus iguais ou “amigos”? Em última análise, a planta tem consciência? Outra questão intrigante é que algumas plantas têm substâncias (flavonoides) na superfície das flores que emitem em comprimentos de onda que nós humanos não podemos ver, mas alguns insetos e aves podem. É como se houvesse uma festa com néctar e chuva de pólen. Somente os que enxergam no UV (ultravioleta) saberão onde é.
Normalmente eu pergunto aos meus alunos em qual das festas eles irão? Ate agora nenhum aluno optou pela festa da esquerda, todos preferiam a luz chamativa (deve estar bombando, segundo eles).Estes são apenas alguns exemplos e quanto mais ainda tenho para perceber? Quais outras irradiações ou melhor dito, energias existem e que agem nesta estrutura muito bem planejada, muito bem arquitetada? Que tem uma logística e estratégias de sobrevivência que ainda estamos desvendando.
Cada qual busca sua explicação sobre o desenvolvimento destas estratégias, para a beleza, a lógica e para a energia que sentimos quando juntos da natureza. Uma grande maioria não pensa sobre o assunto, apenas aceita a teoria dominante do acaso ou uma explicação religiosa dogmática. Outros acreditam que os responsáveis por essa engenharia fantástica são os Devas, para antroposofia os espíritos da natureza. Estes entes da natureza, segundo Oscar Ernest (Abdruschin) que escreveu em seu livro Na Luz da Verdade, os Enteais, seriam os responsáveis por toda a formação e manutenção do que levianamente chamo de natureza. Quem já leu a vida secreta das plantas de Peter Tompkins e Christopher Bird ou As Essências Florais Francesas onde Philippe Dideroit que retratam com muita sensibilidade a atuação sutil das plantas. Essa atuação sutil pode ser exemplificada com uma alusão ao computador, uso o computador diariamente, mas não sei como os programas, os códigos fontes agem instruindo a máquina a realizar tarefas. Esta é a diferença entre o usuário (cada clique uma ação) e o programador (dá significado e função a cada clique do usuário).
Perceber mais profundamente a verdade por trás das aparências, ouvir a sinfonia da natureza é um esforço, muitas vezes não compreendido e até mesmo ridicularizado.
Mas, como disse o Dr. Malte, citando Nietzsche:
“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.”
“Nem tudo que existe a gente vê e nem por isso as coisas deixam de existir.”